sábado, 28 de julho de 2007

As juntas médicas da caixa geral de aposentações


De há uns meses para cá, e de repente, o país acordou chocado com as juntas médicas da caixa geral de aposentações. Situações chocantes em que, especialmente professores (penso mesmo que todos os casos referidos eram de docentes) com doenças gravissimas, foram colocados na praça pública, denunciado a insensibilidade dos membros desas juntas e da lei.

Apesar de hoje todos reclamarem a equiparação dos regimes de segurança social público e privado, ainda não ouvi ninguém dizer que esta situação (que não é nova, a lei quanto a esta questão está e mantém-se inalterada) se deve à especificidade do regime público, que como se pode ver, nem sempre é mais favorável (também não consagra em situações de desemprego o pagamento do subsidio de desemprego).


Afinal nem só de privilégios vivem os funcionários públicos...

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Três leituras de férias

A verdade inconveniente, de Al Gore
Calor, como impedir o planeta de arder, de George Monbiot
O fim do petróleo, de James Howard Kunstler
e
O conde d'abranhos e a Catastrofe, de Eça de Queiroz.

Será que a qualidade da política mudou desde o século XIX? Será que vamos continuar a ignorar que a política serve para servir os outros?

A minha liberdade respeita a tua

Manuel Alegre é livre para dizer o que bem lhe apetece. Eu também.
Dentro e fora do meu partido. Onde bem me apetecer.

Hoje o MIC - Movimento de intervenção e cidadania (criado por Manuel Alegre) faz um apelo aos membros dessa organização e aos cidadãos para que manifestem publicamente, por todos os meios ao seu alcance, a sua concordância com o teor do artigo de Manuel Alegre, anteontem publicado pelo jornal o Público.

Será este apelo um exercício livre de cidadania? É tudo menos isso.

Quando Alegre publica um artigo de opinião sobre a falta da liberdade, demonstra exactamente que a liberdade existe.

Não pode é ficar convencido que apenas quem pensa como ele é livre. Isso do pensamento único é característica de outros regimes que não o meu.

A minha liberdade respeita a tua.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

A vacina do bom senso

Infelizmente não existem vacinas para o bom senso.
Se as houvesse haveria muitos humanos que teriam que a tomar todos os dias. E eu defenderia que esta fosse comparticipada pelo Serviço Nacional de Saúde.

Quero-vos falar hoje da vacina que previne o cancro do colo do útero. Portugal tem a mais alta incidência da Europa deste cancro, cuja principal causa é o vírus HPV, registando 900 novos casos por ano e mais de 300 casos mortais.

Em Abril, o meu PS rejeitou recomendar ao Governo a inclusão da vacina contra o cancro do colo do útero no Programa Nacional de Vacinação (PNV), proposta pelo partido Os Verdes, argumentando que "falta ainda muita informação científica". A verdade de ontem não é a verdade de hoje como confirmam as mais recentes notícias que passo a partilhar:

1. Em inícios de julho as autoridades francesas anunciaram o financiamento da vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV), que provoca o cancro do colo do útero, para mulheres entre os 14 e os 23 anos de idade. O financiamento foi decidido cerca de três meses depois do Alto Conselho para a Saúde Pública (CSHPF) francês ter recomendado a vacinação contra os quatro tipos do HPV, a fim de prevenir lesões cervicais cancerosas e pré-cancerosas, bem como de condilomas genitais. O CSHPF recomendou a vacinação universal das jovens de 14 anos e a possibilidade de vacinação das adolescentes e jovens dos 15 aos 23 anos antes de iniciarem a vida sexual ou no ano seguinte, reforçando ainda a necessidade da continuação dos programas de rastreio.

2. Ontem, o Comité Europeu da Agência para os Medicamentos de Uso Humano (CHMP) deu parecer positivo sobre uma nova vacina para prevenir o cancro do colo do útero, que deverá estar disponível no mercado português no último trimestre do ano.

3. Até ao momento, nove países europeus (Áustria, Alemanha, Itália, França, Noruega, Luxemburgo, Bélgica, Suíça e Reino Unido) recomendaram a vacinação universal de raparigas pré-adolescentes, muitas vezes associada a programas de repescagem para adolescentes e mulheres jovens. Na Alemanha, a vacinação contra o Papilomavírus Humano é comparticipada na totalidade, desde Dezembro de 2006, por fundos de seguros de saúde, que em conjunto cobrem mais de 70 por cento da população, enquanto na Suécia foi aprovada a comparticipação através de um esquema de benefícios que eram apenas aplicados a medicamentos. Em Itália, uma região já arrancou com o programa de vacinação financiado publicamente. Nos Estados Unidos, Canadá e Austrália foram decididas recomendações e financiamentos semelhantes aos europeus.

Para terminar, no dia 22 de Maio elaborei um requerimento ao Ministro da Sáude para saber em que fase é que estavam os estudos. Fui brindado na resposta com um comunicado da Direcção Geral da Saúde, anterior ao meu requerimento. Dispenso por isso comentários!

Para falar verdade não me importaria de pagar mais impostos para esta vacina fazer parte do plano nacional de vacinação. Significa salvar efectivamente vidas, mas para além disso salvá-las do sofrimento e da degradação que causam os cancros. Pois esse sofrimento é daquele que o tem e daqueles que o amam. Eles vão já sem serem eles e as marcas duram, para os que ficam...

Haja bom senso!